Dia 09, Tanquã > Península da Pedra Preta
13 de Junho, 1999
Represa de Barra Bonita, Rio Piracicaba
Início: Tanquã
22° 39.602’S 48° 0.424’W
Final: Península da Pedra Preta
22° 36.031’S 48° 16.227’W
Percorrido hoje: 31.5 km
Total acumulado: 197.8 km
“VOCÊS VÃO PEGAR ONDAS DE SETE METROS!” – DONA SÍLVIA
Alessandro – Na noite anterior dormimos em barracas e choveu a noite inteira! É um problema estar dentro da barraca, no meio do temporal e ter que sair para fazer xixi…!
O dia raiou ensolarado e dourado depois dessa noite chuvosa. O sol de manhã deixou o pantanal do Tanquã com um aspecto maravilhoso. Havia uma revoada de andorinhas à nossa volta quando saímos da barraca, e o sol já refletia seus raios dourados nas águas tranquilas em meio à vegetação alagada. Dava pra sentir aquele tipo de tranquilidade que vem quando um temporal se aquieta e tudo parece calmo por comparação.
A Dona Silvia, uma senhora moradora local, de chinelos havaianas, cara enrugada, saia longa, chapéu de palha aba larga e lenço, com uma varinha na mão veio satisfazer sua curiosidade. Com um forte sotaque piracicabano local ela veio conversar conosco. Veio dar seus palpites e fofocas quanto ao pessoal local, quanto ao futuro alagamento da região e qualquer outro assunto que uma figura local tem para falar com viajantes.
O início de nossa remada foi no intuito de sair do Tanquã, um labirinto de ilhas resultantes do assoreamento local. A essa altura já iniciamos o trecho da Represa de Barra Bonita, deixando o rio Piracicaba para trás. Passamos um trecho que parecia um paliteiro para fora da água.
Muitas árvores espetavam para fora da água, já que não foram cortadas antes do enchimento da represa. Foi nesse dia que encaramos nossas primeiras remadas em trechos largos e abertos de água. Muita água para todos os lados. Bem diferente dos rios cujas margens estavam bem próximas.
Passamos a ponte de Santa Maria da Serra. Pegamos nosso primeiro contato com vento contra, e foi hoje que percebemos como se demora para chegar em lugares que parecem logo ali: A gente rema, rema e rema e por não ter ponto de referência perto parece que não saímos do lugar.
Depois de quatro horas seguidas de remadas, paramos para descansar em uma margem. Tínhamos algumas frutas e depois de tanto remar deu fome e sede. Foi quando comi uma manga que estava uma delícia. Só pela situação na qual nos encontrávamos, nunca comi uma manga tão deliciosa, num momento e num lugar tão certo.
Remamos bastante até chegarmos na Ilha da Pedra Preta, que a essa altura já se transformou numa península, devido ao assoreamento de seu antigo canal. Nesta ilha se encontra a pista de pouso de uma fazenda local.
Lugar maravilhoso, já que de lá se tem uma visão de 180 graus da Represa de Barra Bonita. Noite estrelada. Dia longo, cansativo. Comemos uma bela macarronada e fomos dormir antes das 21:00h!