A Expedição Remar Até o Mar Chega ao Mar!

Alessandro – Saímos escoltados por uma lancha da Prefeitura Naval. Logo que saímos do canal do clube de San Isidro o Mar del Plata se abriu em nossa frente. Mantemos uma distância próxima da margem, à direita. Num horizonte de 180 graus, a imensidão de um mar. O Mar Del Plata é como uma gigantesca baía, sendo que esta se abre para o Oceano Atlântico. Já na saída do canal avistamos os prédios e a cidade de Buenos Aires! Foi diferente de avistar as outras cidades no nosso percurso. Este era o nosso destino final. O tempo resolveu fechar a nossa viagem com chave de ouro: Leve brisa sul, contra! O inconveniente da brisa nesse mar aberto, mesmo que sendo uma leve brisa, é, mais uma vez, o acúmulo de ondas. O céu estava azul, uma maravilha. Portanto não colocamos a capa de chuva na canoa. E foi hoje que mais entrou água! As ondas quebradas inundavam a canoa a todo momento, jogando vários litros de água para dentro. Paramos dezenas de vezes para esgotar a água. O que poderia ter sido 19 quilômetros tranqüilos acabou sendo 19 quilômetros turbulentos. 

À medida que fomos passando pelas áreas de diferentes jurisdições das Prefeituras Navais a escolta foi se revezando. Uma das lanchas se atrasou para nos encontrar. Viemos a saber mais tarde que eles não nos viram, já que a canoa ficou pequena entre as ondas. Além disso, estavam ocupados com a notícia de que haviam encontrado um corpo boiando na região de Olivo, por onde tínhamos acabado de passar havia menos de meia hora! Passamos uma boa parte da tarde esperando que a Prefeitura Naval encontrasse um lugar onde poderíamos passar a noite antes de amanhã percorrermos os últimos quatro quilômetros e fazer a nossa chegada oficial no ponto zero da quilometragem do Rio Paraná. A agradável surpresa foi que nos convidaram para dormir no alojamento do navio da Guarda Costeira Argentina, Mantilla! Encostamos a canoa no navio de 75 metros e descarregamos as coisas em meio a uma água agitada. Dormimos a nossa última noite de viagem a bordo de um navio que havia menos de duas semanas estava lá no sul, na terra do fogo, patrulhando as águas geladas da região de Ushuaia!

Hoje a temperatura caiu bastante, mas pelo menos o sol forte e o céu azul. Não que o frio chegasse a ser tão extremo. Já estávamos em Buenos Aires, porém a viagem só será oficialmente concluída quando cruzarmos o ponto zero amanhã. De noite encontramos com meus pais e amigos e aproveitamos para ir até a Recoleta, bairro famoso na vida noturna da Capital Argentina. Amanhã a Ethel percorrerá seus últimos quilômetros dessa jornada até o mar.