Dia 10, Península da Pedra Preta > Barra Bonita
14 de Junho, 1999
Represa de Barra Bonita, Rio Piracicaba – Chegada no Trecho Tietê
Início: Ilha/Península da Pedra Preta
22° 36.031’S 48° 16.227’W
Final: Usina Hidrelétrica de Barra Bonita
22° 31.163’S 48° 31.950’W
Percorrido hoje: 30.6 km
Total acumulado: 228.4 km
O TEMPO FECHOU
Alessandro – Amanheceu, tomamos café da manhã e no horizonte vimos o que nos esperava o resto do dia: Nuvens escuras, relâmpagos e trovoadas… Chuva pesada! Estreamos a capa de chuva da canoa. Colocamos todo o equipamento nos prevenindo para o pior. Dito e feito: 15 minutos remando e começaram os pingos. Estávamos encapuzados, vestidos com capas de chuva e preparados. Chuva, chuva, chuva, vento, chuva, ondas, chuva, água, chuva, vento, água, ondas, chuva, chuva… foi assim o nosso dia.
Encaramos 40 quilômetros debaixo de mau tempo. Tivemos que margear, ao contrário de cortar a represa em linhas retas, devido a má visibilidade. Alguns raios assustaram a gente, já que não é uma boa ideia estar no meio de uma represa durante um temporal…
Tivemos nosso primeiro contato com as barcaças da Hidrovia. Nesse trecho elas começam a ser utilizadas principalmente para o transporte de grãos. Resolvemos nos esforçar e chegar a Barra Bonita nesse dia mesmo. Ao dobrar uma curva antes do canal que levava à barragem, avistei uma casinha amarela ao longe, na margem oposta. Foi engraçado quando olhei de novo ela não estava mais lá… Era uma barcaça que estava se deslocando vagarosamente e que logo passou pela gente.
Finalmente chegamos à barragem. Tentamos fazer a eclusagem, porém uma grande burocracia precisava ser feita para isso. Já era tarde, então não insistimos. Conhecemos o Sr. De Lucca, da CESP, cujas instalações estavam próximas de onde aportamos. Ele foi muito prestativo e nos deu a maior força em encontrar um jeito para passarmos a barragem e outras informações e contatos que nos ajudaram bastante. Muito obrigado e um abraço Sr. De Lucca!
O Ivan, da Marina da Barra, nos ajudou MUITO! Ofereceu as instalações de sua marina e também deu muitas informações que nos serão muito úteis nas próximas semanas de viagem. Vale a pena dizer que é por causa de gente como o De Lucca, o Ivan, e outros que conhecemos até agora que nos mostram como tem gente boa por aí! Muito obrigado!
Carlos – Algo interessante de lembrar é que o rio Tietê foi a porta de entrada para as explorações e grandes expedições do século passado ao interior do Brasil, ainda praticamente intocado. Era comum estrangeiros serem patrocinados para conhecer melhor o nosso país. Um desses exploradores estrangeiros foi o pesquisador e cientista alemão Langsdorff que organizou sua viagem e saiu no dia 22 de junho de 1826 de Porto Feliz, descendo o rio Tietê com destino a Cuiabá no hoje Mato Grosso. Junto com ele foi o francês Hercules Florence, encarregado de relatar e fazer o relato escrito e gravuras da expedição. O livro Viagem Fluvial do Tietê ao Amazonas é um relato desta incrível viagem, enriquecido com as gravuras, mostrando uma realidade totalmente diferente de hoje, pois passamos em cima onde era o entroncamento original do dos leitos do rios Piracicaba e Tietê, que no livro há uma cena relatada mostrando este trecho e sua beleza e hoje represado . Existe ainda uma relação de todas as cachoeiras originalmente existentes em todo o Tietê.