Dia 32 – Ilha Comprida > Paulicéia


Percurso: Rio Paraná
Início: Açude na Ilha Comprida, 20° 57.522’S 51° 39.267’W
Final: Próximo a Paulicéia, Ilha estreita de areia, km 439, 21° 17.278’S 51° 51.114’W
Percorrido hoje: 50.1 km
Total acumulado: 782.2 km
Godzilla?
Carlos – Hoje o dia estava muito bonito, nós iniciamos a remada às 9h30min, pegamos um rio bem corrente, coisa que ainda não tínhamos visto no Paraná. Tentamos fazer uma linhada com isca artificial. o Alessandro, com sua habilidade em artes, cortou um peixinho num papel alumínio para tentar pegar um dourado ou qualquer outro peixe, e pusemos atrás do barco; mas não deu muito certo, deixamos o dia todo e não pegamos nada.
O rio estava bem tranquilo, paramos algumas vezes para admirar a transparência da água; em alguns pontos com 3 ou 4 metros de profundidade, podíamos ver o fundo de areia, muito, muito bonito isso, dava até para ver alguns peixes passando.
Aconteceu um fato bem interessante, que depois foi até motivo de brincadeiras, foi assim: estávamos num trecho mais largo do rio, onde víamos ao longe alguns barcos de pescadores fazendo rodado, uma técnica de se pegar dourado (a “tentativa rodada”, como eles falam); entramos bem no centro do rio e continuamos. Ao longe a gente via que a água estava um pouco mais agitada num determinado ponto, mas nós seguimos por ali mesmo pois vimos que não haveria perigo nenhum; foi quando eu falei para o Alessandro olhar bem na nossa frente que havia um rebojo – Quer dizer, uma água um pouco mais revolta, e quando nós olhamos, no trecho onde a água estava aparentemente calma surgem gigantescas bolhas. Imaginem a nossa surpresa, bolhas gigantes estourando na nossa frente e a água começando a ficar turbulenta do nada, o barco começou a chacoalhar, e quando percebemos estávamos totalmente rodeados por essas bolhas gigantes, como se fossem rebojos no rio. Para vocês terem uma idéia, parecia que nós estávamos numa história do Godzila que antes de sair da água faz todo aquele reboliço. Apesar do susto inicial, não oferecia tanto perigo, a embarcação estava controlada, mesmo com rebojos na volta inteira. Passado o susto, a gente continuou e depois ficou sabendo que, como o rio ali tem grande volume de água e existem pedras no fundo, a água bate no fundo formando ciclos desse rebojo, que não acontece o tempo todo, acontece de minutos em minutos. Mas foi um susto. De resto, esse dia foi tranquilo, e para baixo deste ponto nós já víamos o início da Represa de Porto Primavera.
Uma coisa muito triste é você ver as árvores dentro da água e saber que não é por causa de uma enchente, mas sim por causa da represa que já está atingindo aquele ponto; o pior é que essa represa ainda vai subir 6 metros, e então todo esse local onde a gente passou de rio corrente vai ficar represado também.
Continuamos a descida, até encontrarmos um ponto para acampar, chamado a Ilha da Praia, ou o que resta dela, pois o rio já subiu um pouco, o represamento desceu um pouco e ainda faltam esses 6 metros; essa ilha, toda de areia, deve estar metade do tamanho que era antes, mas nós conseguimos um local em cima desse pequeno barranco para montar acampamento.