Dia 094 – Cantando en el Rio > Rancho do Alberto


Percurso: Rio Paraná
Início: Cantando en el Río, San Pedro, km 285, 33° 39.313’S 59° 43.190’W
Final: Baradero, Rancho do Alberto, km 155.5, 33° 50.036’S 59° 23.840’W
Percorrido hoje: 39.3 km
Total Acumulado: 2939.2 km
Uma Turma de Velhos Jovens
Alessandro – Logo de manhã arrumamos as coisas e saímos um pouco mais cedo, já que o café da manhã foi incompleto, devido a falta de alguns itens. O céu já começou a ficar azul, com apenas alguns cirros distantes. O vento finalmente deu uma sossegada! Ao passarmos por San Pedro paramos em um Yatch Clube que tem mais de 90 anos de existência. De lá caminhamos até o centro da cidade para fazermos compras.
Estávamos dentro de um supermercado quando pedi informações a uma balconista sobre onde poderíamos encontrar uma padaria. Ela nos olhou dos pés à cabeça e perguntou se estávamos andando; Eu e o Carlos já estávamos cientes de que com as roupas que usamos para remar, principalmente as minhas botas detonadas e encharcadas e os chinelos havaianas do Carlos, não tínhamos uma das aparências mais “arrumadinhas”. Devíamos estar parecendo pescadores ou algo assim. Expliquei, na situação de dar uma satisfação quanto às nossas aparências, que estávamos remando uma canoa que estava lá no rio, e que não éramos andarilhos… Ela interrompeu minha explicação e simplesmente falou que queria saber se estávamos a pé porque se estivéssemos de carro o caminho para chegar até a padaria seria outro…! Eu e o Carlos saímos do supermercado quase chorando de dar risada!
Saímos de San Pedro com provisões restabelecidas. Compramos comida e frutas frescas. Daqui até Buenos Aires não precisaríamos parar para comprar mais nada de acordo com nossas estimativas.
O percurso continuou e entramos por uma espécie de canal, o Rio Baradero. Passamos pela cidade de Baradero onde fizemos uma rápida parada na Prefeitura Naval.
Hoje quase pegamos um peixe sem querer. Um peixe de aproximadamente 3 quilos pulou para fora da água assustado pela passagem da canoa. Ele pulou como que para dentro da canoa, mas bateu de cabeça na lateral da bagagem e caiu de volta na água. O susto foi engraçado, já que estava o maior silêncio quando de repente escutamos a batida e sua queda na água!
Continuamos e no final do dia começamos a procurar um lugar para acampar. O problema era que, apesar de ter muitos pastos e áreas boas na margem direita, todas essas tinham placas de “propriedade privada” e “proibido acampar”. Foi quando paramos na margem esquerda do rancho do Alberto. Paramos em busca de um pequeno gramado, e o que conseguimos foi uma recepção muito calorosa, onde nos ofereceram para ficar em um dos ranchos vazios. Alberto, Ricardo “Russo” e Hector, esses últimos dois garotos de 75 e 72 anos de idade respectivamente, estavam ali para pescar. Passando alguns dias na paz e tranquilidade que uma estadia beira rio pode oferecer.
Eu testemunhei Russo içando um peixe para fora da água, e logo em seguida ele o abriu para limpá-lo. Qual não foi nossa surpresa de Ter encontrado um anzol com a linha partida no interior do peixe! Era um anzol que o próprio Russo havia perdido para o mesmo peixe numa pescaria na parte da manhã daquele mesmo dia!
De noite colocaram uma carne para assar na churrasqueira e ficamos ali, todos, compartilhando histórias, vinho, carne e uma amizade de amantes da vida em contato com a natureza e ao ar livre. Nos ranchos montados nas palafitas (essa área costuma inundar com frequência), eles têm todo o conforto de luz elétrica de geradores e água quente. Como Alberto disse, é seu cantinho de paz e retiro espiritual.