Mais Miguelitos Curiosos

Carlos – O que tínhamos visto de vento contra e grandes ondas não tinha sido nada comparado ao que se seguiu.  A carta indicava uma grande exposição aos ventos e nos preparamos com a capa de chuva da canoa, apesar do céu azul. Logo na primeira curva vimos o canal que se estreitava e um grande movimento de navios de carga  e a remada pesada por culpa do vento e uma velocidade de no máximo 4 km/h. Seguimos e chegamos a uma região onde começam os grandes portos de carga de grãos, cereais, combustível e ferro. Praticamente são portos um encostados no outro por muitos quilômetros. Até Buenos Aires, com navios cargueiros de grande porte.

Percebemos que não conseguiríamos fazer uma boa distância naquele dia e seguimos até São Lourenço , uma cidade antes de Rosário .

Chegamos no porto e entramos em um canal que na verdade era um esgoto ao céu aberto , ou cloaca (esgoto em espanhol).

A Prefeitura local nos indicou uma praça logo ao lado do canal e tratamos de retirar as bagagens com o maior cuidado possível  para não ir nada a merda, literalmente (desculpe-me a expressão).

Logo que desembarcamos fomos recebidos por uma comissão de “Miguelitos” (vide Los Três amigos do cartunistae Laerte) que não paravam de perguntar em um espanhol as vezes incompreensível. Deixei o Alessandro, que adora criança, principalmente pentelhas, com a missão de responder e brincar um pouco, arrumei a minha barraca e fui tomar banho. Quando retornei os Miguelitos ainda estavam lá e tinham comido todo biscoito do dia com margarina. Um dos garotos era o Aléxio, o maior dos Miguelitos, que se transformou em uma espécie de guia do local e passou algumas dicas interessantes, como por exemplo da pizzaria que jantamos, o Bar Zulu.

A noite não foi nada tranquila, pois estávamos em uma praça na cidade, muita luz e barulho.

A criançada neste lugar adora estilingue e o melhor a se fazer é tomar cuidado para não ser confundido com passarinho.