Dia 077 – Lavalle > San Jerónimo


Percurso: Rio Paraná
Início: Lavalle, km 995, 29° 1.230’S 59° 10.997’W
Final: San Jerónimo, km 940, 29° 19.982’S 59° 31.208’W
Hoje: 53.3 km
Total Acumulado: 2296.0 km
Influência Francesa
Carlos – Logo que saímos tentamos avistar a cidade que foi levada pelo Rio Paraná, não se nota muito visto do rio, tanto que não fizemos fotos digitais. Em seguida notamos que a quantidade de bancos de areia era realmente maior que o normal e a carta náutica parecia ser de outro local, de tanto que modificou a paisagem e o GPS realmente foi útil nesta hora para saber o local e a quantidade de quilômetros que tínhamos percorrido.
Passamos por Goya, uma cidade que fica em um canal secundário do rio Paraná e que tem uma interessante característica de ser uma cidade com forte influência francesa, pois era um dos principais portos do rio Paraná até o Início deste século e muitos franceses fizeram deste local ponto de parada na Argentina, trazendo uma influência tanto na moda quanto na arquitetura local. Estávamos apenas de passagem e apenas fizemos contato com a Prefeitura Naval, compramos mantimentos e seguimos caminho.
Estávamos procurando um canal que cortava um trecho do rio – percebemos que devido ao assoreamento e a baixa água o mesmo estava fechado, quando olhando para trás vi um grande navio e voltando para frente uma enorme barcaça perto da margem. Bem, estávamos num estreitamento do canal principal e justo naquele momento estavam ali os três Barcos, ou melhor, dois navios e uma pirágua (“canoa” em castelhano)!
Na hora de pararmos no final da tarde tivemos dificuldades em achar um bom local de acampamento, pois esta região é de pequenos barrancos em suas margens, sem praias de areia e somente lama que normalmente pisadas afundam até no mínimo a canela.
Alessandro – Antes de sairmos completamente da cidade, remando pelo rio, a gente parou para comprar alguns mantimentos. Estava difícil encontrar um lugar onde encostar a canoa e descer, pois é como tentar encostar em destroços de uma cena de terremoto. As construções que estavam bem nas margens do rio desmoronaram para dentro da água por causa da ação de corrosão do rio na base dos barrancos. A gente avistou uma rampa de concreto e encostou a canoa ali. E o Carlos foi descer. A gente pensou que era terreno firme, mas quando o Carlos apoiou o pé onde seria o piso, e colocou seu peso nesse pé para tirar a outra perna de dentro da canoa, ele desceu para dentro da água até a cintura diante dos meus olhos, num susto que pegou os dois de surpresa. Até mesmo porque nisso ele se agarrou na canoa e tudo balançou. Ele xingou e eu dei risada. E foi só um susto mesmo. Afinal estava tudo bem. Ainda bem que ele não se molhou inteiro. E ainda bem que não foi nada grave pois ele poderia ter se cortado em qualquer pedaço de metal retorcido e concreto que estão largados ao longo dessas margens.