Dia 068 – Islas Pucú > Yahápe
Percurso: Rio Paraná
Início: Islas Pucú, Pontal Ilha de Areia, km 1400, 27° 26.621’S 57° 17.314’W
Final: Yhápe, km 1345, 27° 22.216’S 57° 39.300’W
Percorrido hoje: 39.2 km
Total Acumulado: 1916.8 km
Miguelitos Caiçaras do Rio
Alessandro – Da ilha de areia até Yahapé fomos costurando pelas vias entre os arquipélagos que são muitos nesse trecho do Rio Paraná. Foi um dia de água tranquila, sem vento. O calor mais forte e a alta densidade de umidade do ar tornam as remadas mais desgastantes.
Tenho observado uma curiosidade: Aranhas que andam em cima d’água. Tenho observado, desde a represa de Yacyretá, que, espalhadas pelas águas, existem aranhas, pouco maiores do que um grão de milho, que ficam na superfície. Eu já tinha percebido alguns fios de teias de aranhas suspensos no ar no meio do nada, na represa e nos rios, apenas sustentados pelo vento. Deduzo que essas aranhas são levadas de carona pelo vento em suas teias. Algumas têm o infortúnio de uma viagem mal sucedida, aterrissando na água. Quando passamos com a canoa elas vêm correndo em direção ao barco, talvez no intuito de se agarrar e sair dali, buscando voltar à terra firme. Infelizmente o casco da canoa é muito liso e a marola empurra elas para longe da canoa. Tentativas frustradas de pegar carona…!
Em Yahapé acampamos na praia mesmo, em frente a marinha. Comemos umas empanadas de peixe, parecidas com bolinhos de bacalhau, que foram feitas por um dos oficiais. Muito boas por sinal.
Logo que chegamos fomos abordados por dois meninos do vilarejo. Cláudio, de 7 anos, e seu irmão Xavier, de 11. Típicos garotos curiosos e cheios de perguntas. Se demonstraram também muito espertos: Pescavam, manobravam o barco e tinham uma habilidade muito bem desenvolvida para a idade deles, tanto na pesca quanto na hora que se dispuseram a ajudar montar nosso acampamento. Cláudio, o mais novo, logo no Início da noite havia pescado duas pirambelas (tipo de piranha).
De noite, em meio a muitos grandes sapos bois que apareceram no acampamento, recebemos a visita de uma capivara que apareceu enquanto jantávamos. Viemos a saber mais tarde que era domesticada. Era uma capivara fêmea, de seis meses. Ela se aproximou e eu fiz um agrado nela, na nuca. Foi muito engraçado quando, ao fazer isso, ela se sentou e logo rolou de costas, expondo sua barriga para que eu a coçasse! Ela me fez lembrar a cadela que temos em casa, a Raia, que faz o mesmo. Muito folgada! Ela ficou sentada do lado de fora da minha barraca, tranquila. Durante a madrugada, quando sai para ir ao banheiro, ela ainda estava lá, sentada, como que se tomando conta. Uma capivarinha muito gente boa! E pensar que tem MUITA gente que caça e mata descaradamente esses bichos. As capivaras provavelmente só não se extinguiram até agora porque se reproduzem muito rapidamente.