Dia 066 – Puerto Valle > Ituzaingo


Percurso: Represa de Yaciretá, Rio Paraná
Início: Puerto Valle (onde seria Isla Soto Cué) km 1.498, 27° 35.157’S 56° 26.737’W
Final: Ituzaingo, km 1.454, 27° 35.166’S 56° 41.667’W
Percorrido hoje: 31.1 km
Total Acumulado: 1812.7 km
Barragem de Yaciretá – A Última Represa no Nosso Caminho
Carlos – O final da represa era nosso objetivo mais uma vez. Tivemos mais sorte com o vento, que soprou de través de popa e pudemos desenvolver uma boa velocidade e logo avistar a barragem de terra, que tem uma extensão de 14 quilômetros, que une a Argentina ao Paraguai, tratando-se de uma hidrelétrica binacional .
Já estava tratado um apoio da Prefectura Naval de Ituzaingo para passarmos a barragem, por que não poderíamos fazer a eclusagem. Foi tranquilo, pois logo que chegamos entramos em contato e vieram nos buscar com um Jipe e uma carreta e seguimos até a cidade onde nos levaram até o porto do lugar. Tivemos uma ótima recepção e o próprio prefeito naval nos recebeu e nos presenteou com duas dúzias de empanadas (espécie de pastel assado que pode ser de massa folhada) de carne e de presunto e queijo .
Alessandro – Enquanto esperávamos o apoio chegar, para fazermos a transposição de Yaciretá para Ituzaingo, conversamos com o responsável pela empresa que faz a manutenção da represa, removendo árvores submersas e outras coisas. Ele disse uma coisa muito interessante: Uma das maiores ameaças que eles enfrentam neste trabalho é o fato de que às vezes aparecem ilhas flutuantes que ameaçam a integridade da barragem e turbinas. Essas ilhas são grandes pedaços de terra, entre 1 e 2 hectares quadrados, que aparecem boiando. São terrenos de grande concentração de matéria orgânica que, devido a um fenômeno ainda desconhecido, liberam gases que são aprisionados embaixo desse pedaços e os fazem boiar e flutuar na água. Eles se desprendem do continente e ficam à deriva. Se uma ilha dessas consegue chegar até as entradas de água das turbinas da barragem, ela pode provocar um grande estrago! E falando em turbinas: O chefe da marinha de Ituzaingo estava nos contando que cardumes de até 12 toneladas muitas vezes morrem triturados nas turbinas da barragem, já que esses peixes tentam fazer o caminho inverso da correnteza na piracema (subida do rio pelos peixes, para a desova). Já que não existem escadas para peixes, situação desprezada pelos projetistas das barragens, esses acabam se enfiando pelos tubos de saída das turbinas, que oferecem correnteza contra e uma temperatura elevada de 2 graus na água.
Existem soluções muito práticas e baratas, disse o Comandante, porém não é do interesse dessas empresas que gerenciam as barragens, de colocá-las em prática…! Toneladas e toneladas de peixes… Eu me lembro que na escola, no primário, tentaram me ensinar que o homem é um animal racional.